Uma moradora de Umuarama procurou a Delegacia de Polícia Civil após ter sido alvo da quadrilha do golpe do “Falso Advogado”, que busca extrair dinheiro de vítimas com processos legais em andamento através de depósitos por Pix. A situação não é isolada e tem acontecido com frequência não somente em Umuarama, mas em todo o Paraná, e fez com que a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) realizasse uma campanha para prevenir situações semelhantes.
Em conversa ao OBemdito, a vítima – que terá sua identidade preservada – disse que foi contatada pelo WhatsApp na quarta-feira (18) por uma pessoa que se apresentou como a secretária do escritório de advocaria que a representa.
Na sequência, ela foi informada que um processo que ela tem em andamento havia se dado por vencido, e seria liberado uma quantia em dinheiro para ela, porém seria necessário que ela realizasse um depósito por Pix no valor de R$ 4.498,55 para que fosse emitidas algumas certidões e fotocópias.
De acordo com a vítima, a golpista – que se apresentava inclusive utilizando a foto e logomarca do escritório da moradora – se introduz com fala convincente, apresentando documentos e números pessoais envolvendo processos em andamento.
“Entram em contato com nome, CPF, número de processo de pessoas que estejam perto de receber algum valor e se passam pelo advogado”, explicou, ao OBemdito. “Geram um documento com os dados que a pessoa mandou com a aparência de comprovante de transferência bancária, depois informam que houve uma pendência e precisam pagar custas e certidões, e pedem para pessoa pagar um valor que, comparado ao que eles alegam que a pessoa tem para receber, parece pouco”.
Desconfiada da situação, ela entrou em contato com sua firma de advocacia, onde foi informada sobre o golpe e orientada a registrar um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia Civil sobre o caso.
CASO RECORRENTE
De acordo com o presidente da OAB de Umuarama, Christian Pellacani, a situação já é de conhecimento da Ordem em todo o Paraná, e uma campanha foi encabeçada pela organização para orientar e prevenir este tipo de prática criminosa tipificada como estelionato.
A iniciativa foi tomada após crescentes denúncias de abordagens a cidadãos que têm processos tramitando na Justiça, com a alegação de que é necessário fazer algum pagamento para que o valor supostamente ganho na ação seja liberado.
Na primeira fase da campanha, a advocacia está sendo orientada a adotar alguns passos de precaução para que seus nomes não sejam utilizados indevidamente e nem seus clientes sejam vítimas de golpe.
O primeiro passo é atualizar o cadastro na seccional. Assim, caso o cliente precise entrar em contato com seu advogado ou sua advogada para confirmar informações, ele conseguirá se comunicar com facilidade.
A segunda medida é avisar os clientes sobre a possibilidade desse tipo de abordagem, explicando que nenhum pagamento deve ser realizado por boleto ou pix sem a confirmação da procedência com a equipe do escritório. É importante informar os números de contato e, se possível, as pessoas que devem confirmar esse tipo de informação.
Outra ação importante, recomendada pela Polícia Civil, é ir à delegacia para fazer a denúncia caso o profissional seja vítima desse de golpe ou outros similares, com a utilização de seu nome indevidamente ou com a abordagem a seus clientes para atos de má fé.
“Por se tratar de crime que depende de representação criminal, a recomendação do delegado designado para a investigação na Delegacia de Estelionato de Curitiba, Dr. Emmanoel David, é a de que os advogados/escritórios ou os clientes vítimas do falso golpe, que já realizaram o registro da ocorrência, compareçam à delegacia para a representação, apresentando os comprovantes de pagamento e demais provas para comprovação da materialidade”, destaca Marion Bach, diretora de prerrogativas da OAB Paraná.
A OAB Paraná mantém um canal para denúncias no site da seccional e tem trabalhado para conscientizar a advocacia sobre a importância de prevenir esse tipo de golpe. O formulário de denúncia também pode ser acessado através deste link.